Ouro, prata e bronze? Ouro, petróleo e lítio!
Talvez você esteja se perguntando: o que é lítio? Lítio é um mineral usado na produção de baterias recarregáveis. Essa mesma que tem no seu celular e computadores portáteis. Equivalente a corrida do ouro no final do século 19 surge uma corrida pelo já chamado ouro branco.
Com objetivo declarado por diversas montadoras de ver seus projetos circulando nas ruas, o mundo se volta para um novo commodity que surge para substituir o petróleo com a promessa de ser fonte de uma energia limpa e renovável. A princípio, realmente, parece ser uma revolução no impacto ambiental causado pelos motores à combustão. Indo a fundo nesse tema surgem algumas dúvidas: Qual o impacto da exploração desse recurso? O que tem a ver a Bolívia com essa historia toda? E o Brasil, temos reserva desse mineral?
Assim como o petróleo, o lítio é finito. É uma fonte de energia limitada e não renovável e os impactos de exploração é igual ou pior que o petróleo. O cenário do deserto de Uyni já não é mais o mesmo. A calmaria do deserto, antes basicamente habitado por extratores, que atravessava o mesmo em caravanas de llamas levando o sal além das montanhas, vem dando lugar às máquinas que abrem crateras no coração do deserto mudando radicalmente sua paisagem. Se tratando de um dos países mais pobres da América do Sul e uma das regiões mais pobres da Bolívia, a mesma ainda não entrou no jogo da exploração e comercialização do “ouro branco”. O Chile ainda detém o título de maior produtor de lítio do mundo, em terceiro lugar a Argentina, atrás da China. A tendência é que esse jogo vire a favor da Bolívia em um curto espaço de tempo.
A dificuldade da exploração se dá ao fato da nova constituição “bolivariana” onde a comunidade local tem total poder de decidir sobre os recursos naturais existentes em seu território. Isso significa que toda essa riqueza está nas mãos dos “mais pobres entre os mais pobres”, e essa dificuldade de negociação afastou as multinacionais que durante anos pressionou o governo a fim de obter um contrato de exploração da região. Imagina o que é negociar com associações de moradores ou líderes comunitários?
Além disso, as vantagens de se ter um carro elétrico são questionáveis quando pensamos na matriz elétrica mundial.
Segundo informação do EPE (www.epe.gov.br) 65,1% da geração de energia elétrica no mundo é baseada em combustíveis fósseis como: gás natural, petróleo e carvão. Esse último corresponde a 38,3% da energia elétrica fornecida no mundo. Então podemos concluir que iríamos transferir o impacto do CO² causado nas ruas pelos automóveis de motor a combustão para as usinas termoelétrica. Outro ponto preocupante nesse processo é o descarte das baterias de lítios. Onde você descartou aquele smartphone antigo?
Conforme divulgado pela CPRM (Companhia de Pesquisa de Recurso Minerais) o Brasil detém cerca de 8% da reserva mundial de lítio. Grande parte dessas reservas em territórios mineiros. Atualmente a extração é realizada pela Companhia Brasileira de Lítio e utilizada na indústria de cerâmicas e vidros. Ainda não disponibilizamos de tecnologia para utilizar o recurso na fabricação de baterias.
De fato, a bandeira da “eletromobilidade” levantada pelas montadoras irá transformar nossa matriz energética, hoje baseada em combustível fósseis, por fontes renováveis como vento, sol, água e biomassa, transformando de forma positiva nossa forma de locomoção.
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